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Entrevista Lucas Paio

Lucas estudou no ICJ de 1990 a 2002, cursou publicidade e hoje trabalho como tradutor e redator em uma empresa de tecnologia


1) Você acha que o fato de sua mãe ter estudado no ICJ a influenciou para que você também estudasse no colégio?

O fato da minha mãe ter estudado no ICJ. Na verdade, foi o meu pai e a minha mãe, os dois estudaram lá, só que em épocas distintas. Minha mãe estudou em 66, o colégio tinha o que, 5 anos? Eram só duas salas, ela fazia lá o pré-primário, ela tinha seis anos, ela morava no Nova Granada, que é pertinho aí do Nova Suíça, e era um colégio assim, que era uma escolinha, eu não sei nem se chamava instituto ainda, se era escola, alguma coisa assim, Coração de Jesus. E meu pai estudou alguns anos depois na quarta série...E aí em 1990, né, de 89 pra 90, quando eu estava no primeiro período, indo pro segundo período, eu estudava no Instituto Educacional Peter Pan, na rua Gávea, e meus pais estavam procurando, lá não tinha, não sei se tinha até o segundo, terceiro período, e não tinha muita perspectiva depois que não tinha primário né, não tinha ensino fundamental, na época chamava ainda primário... E aí, eles começaram a procurar escolas na região, claro que influenciou o fato dos dois terem estudado lá, que já conheciam, já conheciam a Dona Elza, e aí minha mãe me contou, eu perguntei para ela e ela falou que na época voltou lá, e conversou com pessoal, viu que era um colégio sério, que era tudo feito com muito carinho, e era o colégio que tinha o ensino fundamental, então eu comecei lá no segundo período né, fiz o terceiro período, que era o pré-primário, depois primeira série, e aí eu fui ficando, e terminei até o terceiro ano do ensino médio, é isso.

2) No seu depoimento para o site da escola, você cita as excursões como uma de suas lembranças. Qual foi a mais marcante na sua opinião? Onde e quando foi? Conte-nos mais por favor!

Sobre as excursões. As excursões era sempre um barato né. Que criança e adolescente não gosta de uma desculpa pra não ter que assistir aula, e passear em algum lugar diferente, e fazer bagunça no ônibus, e cantar músicas que não vão ser publicadas no jornalzinho da escola, mas tinha “jererê”...Teve uma na Pousada do Rei, que foi em 98, eu estava na sétima série, e essa da Pousada do Rei foi a primeira que a gente dormiu, sabe? Era tudo passeio de um dia só, e aí ir para a Pousada do Rei foi a primeira vez que a gente dormiu, e aí teve bagunça lá no dormitório, e tinha umas dinâmicas de grupo, que todo mundo queria que acabasse logo porque geralmente pré-adolescente não curte essas coisas, quer saber mais é de bagunça, é de piscina, é de festa e coisas do tipo. Mas foram bem divertidas. Agora, as duas mais memoráveis mesmo foram Diamantina e Itamarandiba. Diamantina, assim, em 98 falavam muito que a gente, acho que várias turmas anteriores foram pra Petrópolis. Só que aí quando chegou na época da minha turma, não sei o que que rolou, se tinha algum, não sei, algum acordo, alguma coisa assim, que acabou, mas a gente nunca chegou a ir pra Petrópolis. Mas fomos para Diamantina em 1999, em agosto de 99, eu estava na oitava série, foi o último ano antes do ensino médio, e nós fomos com a professora Célia de história, que inclusive era de Diamantina, se não me engano. E eu lembro que tinha muita coisa cultural, e a gente assistiu a “Vesperata”, aquele concerto ao vivo lá na praça de Diamantina, visitamos a casa do Juscelino Kubitschek, a casa da Chica da Silva, visitamos a gruta do Salitre, e foi muito legal. Eu lembro também, teve as bagunças né, as interações, a gente passou um fim de semana lá, então saia de noite, meninos de 14 anos passeando nas ruas lá, e levei violão, ficava lá tocando as músicas que a gente gostava na época,foi muito divertido, tocando violão nas ruas de Diamantina, e é o que eu lembro mais mesmo. É, e aí dois anos depois, quando eu estava no segundo ano, a gente foi pra Itamarandiba. Itamarandiba fica no Vale do Jequitinhonha, e essa foi uma viagem mais social do que cultural, mais assim, não tinha lá museus e coisas para gente visitar não, e foi uma viagem mais social, por que é uma região muito pobre do estado, e eu lembro que teve alguma campanha de coletar cesta básica, então a gente encheu o ônibus de cestas básicas. Era longe né!? A gente foi, acho que foi a madrugada inteira, chegamos lá de manhã cedinho. E aí quando a gente estava lá a gente visitou algumas escolas, fizemos umas palestras, eu também levei o violão nessa época...Eu lembro que foram um ou dois dias visitando essas escolas, e também teve a entrega das cestas básicas na parte que era, assim, bem carente, e eu lembro que foi uma parte, um dia que foi bem, emotivo, assim, para muita gente, o pessoal chorando, vendo o pessoal que morava numas condições bem precárias, e a gente lá entregando os alimentos que a gente coletou na campanha, e teve também a parte das bagunças, sempre tem. Eu lembro que alguém, isso era todo mundo com 16 anos de idade, alguém pegou uma moto que era do cara do hotel, e de repente apareceu com a moto, e um caminhão bateu na moto, essas confusões assim, que eu não lembro mais direito como é que era não, mas sempre tem alguma coisa aí que não sai de acordo com que os monitores e os professores estão planejando, né? No terceiro ano a gente ficava contando os casos ainda da viagem, então foi uma época muito boa.

3) Para você, o estímulo do colégio para o desenvolvimento da sua criatividade foi um fator importante para a sua formação profissional?

Vou tentar ser mais breve aqui que eu estou vendo que eu estou me alongando muito nessas respostas. Você perguntou sobre se o estímulo do colégio para o desenvolvimento da minha criatividade foi um fator importante para a formação profissional. É, claro que foi né. Eu lembro da escola sempre me incentivar bastante nisso, e até quando eu era criança. Assim, eu sempre gostei de escrever, e aí quando eu era criança eu fazia uns livrinhos assim com uns personagens... e aí eu distribuía na sala, ou levava para os coleguinhas verem, e os professores achavam legal aquilo, e teve uma vez que me chamaram pra dar uma palestra pra minha sala, para os representantes de turma das outras salas, eu tinha uns nove anos, e foi legal, sabe? Uma coisa meio, como é que se diz, louvável, do colégio, pegar uma criança que está lá, escrevendo, desenhando as coisas dele lá e falar "Ah, você pode compartilhar com a sala sobre as suas criações, seus projetos criativos, seu processos e coisas do tipo?" Então teve isso, e eu acho que coisas como essas foram importantes para eu não me desencorajar de tentar continuar explorando a criatividade, escrevendo...Eu desenhava quando era criança, muito mal, e hoje desenho ainda pior, mas escrita foi uma coisa que eu sempre continuei e sempre tive muito incentivo dos professores de português, de redação, tiveram concursos literários, concursos de poesia no colégio, eu lembro que eles incentivavam essa parte, lembro de ter um poeminha besta na agenda do colégio, não sei, de 95. Então, eu acho que essas coisas influenciam né, influenciam bastante, por que se fosse um colégio que falasse "Não, deixa de bobagem, o importante é você aprender matemática e física!", Sabe, só a parte mais... Que são igualmente importantes, eu vou falar mais pra frente aqui, eu acho que talvez eu teria me desencorajado e não teria explorado isso profissionalmente como eu fiz depois, escolhendo a Publicidade.

4) Quando você optou pela Publicidade, e o que você considera que foi primordial para essa decisão?

A escolha da Publicidade eu acho que foi quando eu estava no segundo ano. Acho que até o primeiro ano eu queria estudar jornalismo, e a gente teve algumas disciplinas, algumas matérias assim que eram focadas um pouco nessa parte de carreira, sabe? Quando eu estava na oitava série a gente tinha uma que chamava orientação vocacional, a sigla era OV, e todo mundo zoava, falava que era "orário vago", horário com o, eu acho que essa, sabe...? A gente tinha 14 anos, a gente estava muito novo para poder ter qualquer coisa de realmente, sabe de interiorizar qualquer coisa a respeito de carreira, acho que estava muito cedo. No primeiro ano teve uma matéria que era empreendedorismo, que ela na verdade não tinha muita coisa de empreendedorismo, não falava nada de empresas e nada do tipo, cada bimestre, ou cada trimestre tinha um professor diferente e um módulo diferente. Então teve um que foi produção de vídeo, que a gente fez um curta metragem, que foi legal. Eu acho que teve jornalismo, teve teatro... Então era uma coisa um pouco mais artística, comunicação assim. Talvez tenha sido uma influência também para eu querer a comunicação, embora eu ache que na oitava série, primeiro ano eu já pensava em fazer jornalismo. Eu acabei trocando para a Publicidade, que ainda estava dentro da parte de comunicação social, mas eu queria alguma coisa que fosse mais criativa. Então assim, essa parte que me atraia muito, sabe, de fazer propagandas, você via propagandas na televisão, você via publicitários famosos lá, Washington Olivetto, entre outros, e eu queria era escrever livros de ficção, eu queria fazer filmes, e fazer, não sei, histórias em quadrinhos. Isso eu sempre quis fazer desde criança, mas como profissão, ou como uma opção profissional, nada disso teria muito futuro ali. Então a publicidade era uma coisa mais assim, bem aplicada, "mundo real", do mercado, mas ao mesmo tempo uma área bem criativa. Eu acho que é uma coisa que, pelo menos os meus colegas de publicidade, uma coisa que atraia e ainda atrai muito as pessoas, de falar " Ah, vai ser uma coisa que vou ter um monte de ideias". Então eu acho que foi isso, sabe? Olhando em retrospecto, eu acho que é muito cedo também, mesmo aos 17 anos, que é diferente de 14, ainda acho que é muito cedo para escolher alguma coisa que vai ser o seu futuro. Eu vejo até assim, depois que eu formei em publicidade e acabei me distanciando dessa área, eu comecei como publicitário, e aí surgiu uma oportunidade de eu mudar para a China, para estudar Mandarim por alguns meses, e eu acabei ficando por lá, a história é essa. Eu saí de BH em 2009, e nunca mais voltei para a Publicidade em si. E aí na China não tinha como eu ser redator publicitário, por que né, por que é um negócio que está muito ligado ao idioma. Não tinha como fazer isso em português, e também inglês... É complicado. E aí eu consegui um emprego em tradução, trabalhava em uma agência de notícias lá, e depois acabei me mudando para a Alemanha, alguns anos depois, estou aqui desde 2013, e aqui também comecei a trabalhar em uma empresa de tecnologia, que é uma empresa que faz um site e aplicativo de viagens, e também no departamento de tradução, que na verdade é de localização, que é tradução e adaptação para o mercado. E lá dentro eu também fui mudando de áreas, e aí eu acho que em retrospecto assim, ter escolhido publicidade naquela época é uma coisa que fazia sentido para mim naquela época, não teria escolhido outro curso naquela época, mas, sabe, eu vejo muitos colegas, eu também mudei de área, não fiz outro curso mas acabei, sabe, mudando. Claro que a gente usa muita coisa da publicidade, e meu trabalho está indiretamente ligado a marketing também, porém eu vejo assim, vários outros colegas meus que acabaram mudando completamente de carreira. Então, eu não sei, também me incomoda hoje em dia um pouco a forma, não sei se isso mudou, mas assim, há 20 anos né, que era a minha época, eu acho que talvez isso ainda continue bem forte, esse foco muito grande no vestibular. Então, aumentava ainda mais a pressão de passar no vestibular, estudando para uma prova, eu acho que o terceiro ano foi muito focado nisso, quando talvez, num outro sistema, talvez, por que não é culpa da escola, é o sistema em geral, talvez fosse melhor uma época assim para focar em áreas um pouco mais para a vida do que para uma prova específica ali. Imagino que as coisas tenham mudado, eu sei que hoje é diferente com o Enem, mas eu sinceramente não acompanho muito como é que está essa coisa. Não sei se eu respondi direito, e mais ou menos isso.

5) Como você define, nos dias de hoje, a relação entre publicidade e tecnologia?



6) Você acha que a publicidade é bem utilizada na mídia em geral? Ou somente em alguns segmentos do mercado?

E para terminar eu vou tentar condensar as perguntas cinco e seis, porque, como eu falei, eu estou meio afastado da publicidade, então nem sei se eu me sinto muito apto a falar sobre Publicidade, tem 11, 12 anos que eu não trabalho mais em uma agência de publicidade, não sei mais como é o dia-a-dia disso. Eu sei que assim, sua pergunta sobre relação entre publicidade e tecnologia, hoje em dia está indissociável. A tecnologia faz a publicidade, e a cada ano tem mais novos tipos de publicidade que vão muito além do que era na minha época de comercial de televisão, revista, e cartão de Natal para os clientes da empresa. E hoje em dia eu sei que no mundo gasta-se muito mais com publicidade digital, publicidade online, do que com publicidade offline. Não é difícil saber porque, a publicidade digital é muito mais segmentada, você está focando muito mais no seu público-alvo do que na televisão, onde gasta-se rios de dinheiro para passar um comercial que você nem sabe se as pessoas tão vendo, se o seu público está lá, se tem alguma coisa a ver, é tipo assim, é muito “tiro no escuro”. E com a publicidade digital é muito mais mensurável, e aí a parte que eu estava falando com você da matemática, e de física, mais a matemática nesse caso, eu acho que na época, sabe, como o meu foco era muito criatividade, eu acabava tendo uma barreira com as exatas, e era, acho que eu via isso assim, dos dois lados. Quem gostava de exatas não gostava de humanas e vice-versa. Só que hoje em dia, qualquer campanha publicitária vai ser muito focada nos números, vai ser muito focada nos resultados, nos dados, na análise desses dados e tal. Então eu acho que a Publicidade não só está indissociável da tecnologia, como das ciências exatas, o que é engraçado visto que muita gente vai fazer publicidade justamente correndo da matemática. E sobre a sua pergunta se eu acho que a Publicidade é bem utilizada na mídia em geral, ou somente em alguns segmentos, eu não vou saber responder isso, eu estou muito por fora assim da publicidade no Brasil. Os anúncios de empresas brasileiras não chegam até mim, mesmo nos sites brasileiros, por que não estou fisicamente localizado no Brasil. E assim, de modo geral no mundo, a publicidade é tão bem utilizada quanto é mal utilizada. Tem site que você entra, que você fecha na hora porque é atacado por anúncios, é um vídeo aqui, um pop-up ali, e aí se fecha um, já abre outro, e é terrível. Não funciona, por que ninguém está fazendo nada ali, você não consegue acessar o conteúdo e fica muito irritado com a publicidade. Agora outros tipos de anúncios, anúncios por exemplo que são aqueles que parecem os menos criativos, e que são alguns dos que mais funcionam, tipo anúncio do Google, sabe? Você pesquisa lá por "Hotel em Petrópolis", e aí os anúncios tão todos relacionados a aquilo que você pesquisou, o consumidor está correndo atrás de alguma coisa pra ser vendido. Então eu acho que assim, em questão de eficácia, atualmente esse tipo de estratégia tem funcionado mais. Também estou falando assim sem muito conhecimento, então não me coloca como especialista no assunto não (risos).